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segunda-feira, maio 07, 2012

Estudo: Morte Expiatória de Jesus


Expiação: reconciliação, pela qual os homens voltam para gozarem plena comunhão com Deus. A expiação, na tentativa de aplacar a ira divina, requer um sacrifício de sangue: “sem sacrifício de sangue não há remissão”, Hb 9:22. A divindade precisa ser apaziguada porque o verdadeiro Deus está irado contra a humanidade por causa de seu pecado. O tema da ira de Deus aparece freqüentemente através da Bíblia, inclusive no ensino de Cristo, Mc 3:29; 14:21. Ira não é apenas o desdobramento impessoal e inevitável da lei da causa e efeito, mas é também a intervenção pessoal de Deus na vida da humanidade, Rm 1:18; Ef 5:6. 
A necessidade da expiação se torna evidente por três motivos: a) a universalidade do pecado: “não há homem que não peque”, 1 Rs 8:46; “não há quem faça o bem, não há nem um sequer”, Sl 14:3; b) a seriedade do pecado, que é vista em passagens que mostram a aversão de Deus ao mesmo: “Tu és tão puro de olhos, que não podes ver o mal”, Hc 1:13; “O vosso pecado faz separação entre vós e o vosso Deus”, Is 59:2; ao pecador impenitente resta apenas “certa expectação horrível de juízo e fogo vingador prestes a consumir os adversários”, Hb 10:27; c) a incapacidade do homem resolver o problema do pecado: ele não pode ocultar o seu pecado, Nm 32:23 e nem purificar-se do mesmo, Sl 20:9. Nenhuma obra da lei será jamais capaz de tornar o homem idôneo para apresentar-se justificado perante Deus: “Visto que ninguém será justificado diante dele por obras da lei”, Rm 3:20. Se tiver que depender de si mesmo, o homem nunca será salvo. Talvez a mais importante evidência disso é o próprio fato da expiação. 

Diante da universalidade e da seriedade do pecado e da incapacidade do homem alcançar a salvação mediante seus méritos, era necessária uma ação drástica para resolver o problema de uma vez por todas. Assim se mostrou a morte de Jesus Cristo. O fato de Sua morte não foi simplesmente que alguns homens ímpios se levantaram contra Ele, nem que seus inimigos conspiraram contra Ele e que Ele não lhes pôde resistir. A morte de Cristo no foi um acidente, mas uma ação compelida por uma necessidade divina irresistível. Cristo “foi entregue por causa das nossas transgressões”, Rm 4:25. Ele veio especificamente para morrer pelos nossos pecados. Seu sangue foi derramado “em favor de muitos, para remissão de pecados”, Mt 26:28.  O significado expiatório da morte de Jesus é encontrado em Mc 10:45. Resgate, gr. “lutron”, é o preço pago para a libertação de um escravo ou para comprar a liberdade de um prisioneiro de guerra. A palavra, no contexto bíblico, tem o significado de sacrifício expiatório, como equivalente de “asham” em Is 53:10. Jesus deu a sua vida para resgatar as vidas escravizadas e perdidas.


O N.T. toma a posição que os sacrifícios do A.T. não eram a causa raiz do perdão concedido aos pecados. A redenção precisa ser obtida até mesmo “das transgressões que havia sob a primeira aliança”, Hb 9:15, somente através da morte de Cristo. A cruz é absolutamente central para o Novo Testamento e, de fato, para a Bíblia inteira. Tudo quanto vem antes conduz à cruz, onde Cristo efetuou a morte expiatória em favor dos pecados da humanidade. Tudo quanto vem depois, olha de volta para a cruz.  A expiação realizada por Cristo procede do grande amor de Deus Pai pelos homens, Jo 3:16. Ms também mostra o grande amor do Deus Filho: “Mas Deus prova o seu amor para conosco, pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores”, Rm 5:8. Os evangelhos sinóticos salientam o fato de que “era necessário que o Filho do homem sofresse”, Mc 8:31 e ref. A carta aos Hebreus garante que “pela graça de Deus” foi que Jesus provou a morte a favor de todos nós, 2:9.
A expiação não era obtida por qualquer valor inerente na própria vítima oferecida, mas sim, porque o sacrifício é o meio divinamente apontado para fazer expiação. Os sacrifícios nos apontam certas verdades concernentes à expiação: a vítima tinha que ser sem defeito, o que indica a necessidade da perfeição. Algumas vezes a vítima para o sacrifício era de alto custo, pois o pecado nunca deve ser considerado coisa banal. A morte da vítima era a coisa mais importante. Isso é parcialmente entendido pelas alusões feitas ao sangue, parcialmente no caráter geral do próprio rito, e parcialmente em outras referências feitas à expiação. Se a morte era a pena merecida pelo pecado, Ez 18:20, Deus permitia graciosamente a morte de uma vítima, em sacrifício, como substituta, para morrer em lugar do pecador. Assim foi a morte de Cristo: “Quando, porém, veio Cristo como sumo sacerdote dos bens já realizados... no por meio de sangue de bodes e de bezerros, mas pelo seu próprio sangue, entrou no Santo dos santos, uma vez por todas, tendo obtido eterna redenção... por isso mesmo, Ele é o Mediador da nova aliança, a fim de que, intervindo a morte para remissão das transgressões que havia sobre a primeira aliança, recebam a promessa da eterna herança aqueles que têm sido chamados. Porque, onde há testamento, é necessário que intervenha a morte do testador...”, Hb 9:12-16.
Por meio de Sua morte expiatória, Cristo, “...ao se cumprirem os tempos, se manifestou uma vez por todas, para aniquilar, pelo sacrifício de si mesmo, o pecado”, Hb 9:26. Pela propiciação, que foi feita pelo sangue de Cristo, a Santidade de Deus já não é uma barreira para o relacionamento do homem com Deus. O homem, que era impróprio para estar em comunhão com Deus, agora está apropriado por causa do sangue de Cristo: “... Cristo Jesus, a quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação, mediante a fé, para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância, deixado impunes os pecados anteriormente cometidos; tendo em vista a manifestação da sua justiça no tempo presente, para ele mesmo ser justo e o justificador daquele que tem fé em Jesus”, Rm 3:24-26. “E ele (Jesus) é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro”, 1 Jo 2:2.
A morte de Cristo propiciou Deus, sustando Sua ira e permitindo que Ele receba em Sua família aqueles que colocam sua fé naquele que O satisfez, Jesus Cristo. A extensão da obra propiciatória de Cristo é universal (l Jo 2:2), e a base da propiciação é o Seu sangue derramado (Rm 3:25). Pelo fato de Cristo ter morrido, Deus está satisfeito. Portanto, não devemos nem precisamos pedir a alguém que faça alguma coisa para satisfazê-lo. Isso significaria tentar apaziguar alguém que já está apaziguado, algo totalmente desnecessário. Antes da cruz, o indivíduo não podia ter certeza de que Deus ficaria satisfeito com a oferta que Lhe trouxera. É por isso que o publicano orou: “Ó Deus, sé propício a mim, pecador” (Lc 18:13). Hoje, tal oração seria desperdício de fôlego, pois Deus já foi propiciado pela morte de Cristo. Por isso, nossa mensagem aos homens hoje não deveria de modo algum sugerir-lhes que podem agradar ou satisfazer a Deus praticando alguma ação, mas que podem ficar satisfeitos e descansados com o sacrifício de Cristo, que satisfez completamente a ira de Deus.

Por Ev. Alaid S. Schimidt

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